Planejamento financeiro para MBA deve começar cedo

22/06/2018

Ao receber a oferta da Universidade de Harvard para cursar um MBA, o engenheiro Bruno Marcolini sabia que o grande desafio que tinha pela frente não era apenas acadêmico. Uma das escolas mais prestigiadas do mundo, a Harvard Business School também é conhecida pelos cursos caros, que no caso do MBA ultrapassam os US$ 70 mil anuais, sem contar os valores gastos com moradia, alimentação e materiais.

“Três anos antes de me candidatar, eu já tinha um plano de como economizar para o curso”, afirma Marcolini, que está entrando no segundo ano do MBA. Além de conseguir uma bolsa da universidade e da Fundação Estudar, ele também vem usando recursos próprios que poupou nos últimos anos. Controlando os gastos pessoais, o engenheiro e a esposa investiram a metade de seus salários em tesouro direto, “na época das vacas gordas”, conta. O restante do dinheiro foi financiado a juros baixos em uma instituição financeira de Harvard.

Como Marcolini, muitos profissionais que optam pela educação continuada precisam se planejar para investir em uma pós-graduação ou MBA, dentro e fora do país. A gama de valores é variada e depende da instituição e do programa escolhido, mas ainda exige esforço financeiro da maioria dos profissionais.

“Ao fazer o planejamento de carreira e saber onde quer chegar profissionalmente, o candidato deve também pensar no orçamento. É importante avaliar quais cursos disponíveis no mercado podem ajudá-lo a atingir seu objetivo mais facilmente”, afirma Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para recém-formados, por exemplo, os cursos de especialização são os mais indicados, enquanto o MBA é voltado para quem já tem alguns anos de carreira e preferencialmente alguma experiência em gestão. Os profissionais mais experientes podem optar por cursos de pós-MBA ou feitos sob medida, como é o caso dos programas para CEOs, por exemplo. Os valores dos cursos seguem a lógica da evolução profissional – quanto mais avançado é o público-alvo, mais altas são as mensalidades.

Na FIA, por exemplo, um curso de pós-graduação pode custar de R$ 22 mil a R$ 34 mil, enquanto o MBA varia de R$ 33 mil a R$ 91 mil. Os valores, que podem ser parcelados em até 60 vezes, são mais acessíveis do que os cursos internacionais, mas ainda assim exigem que o profissional se organize financeiramente.

O superintendente de investimentos do Banco Santander, Victor Bernardes, afirma que, apesar das alternativas de crédito e financiamento disponíveis no mercado, a melhor opção é o planejamento. “Não é aconselhável tomar uma decisão de educação de curto prazo, porque os impactos no futuro são tremendos”, afirma. Por esse motivo, é preciso se antecipar às despesas e fazer um plano alguns anos antes do início do curso.

O investimento ideal, segundo Bernardes, depende do perfil do investidor e do tempo que ele está disposto a poupar. “Naturalmente, quanto mais o investidor se antecipa, mais o dinheiro trabalha a favor dele. No caso da previdência, por exemplo, temos o tempo a favor e podemos assumir alguns riscos dentro da estratégia para obter um retorno maior”, afirma. Para quem quer fazer o curso em menos de cinco anos, alguns fundos multimercado oferecem equilíbrio entre risco e liquidez.

Nos cursos internacionais, porém, é raro que o profissional não se comprometa com algum tipo de financiamento. Ricardo Betti, sócio da consultoria MBA Empresarial, explica que, para a maior parte dos candidatos, a solução para arcar com os custos altos de anualidades e com as despesas do dia a dia está na diversificação. “Além das bolsas de estudo disponíveis no Brasil, muitas universidades oferecem descontos para alunos com bom desempenho acadêmico e potencial. Também existem opções de financiamento na própria escola ou em instituições financeiras estrangeiras com taxas de juros competitivas”, afirma. Os alunos podem contar ainda com os bons salários pagos nos chamados summer jobs – estágios feitos durante o verão, que nos Estados Unidos, por exemplo, pagam em média US$ 8 mil mensais. Outra fonte de renda é o salário que os participantes de MBA esperam ganhar após o final do curso. Nas escolas mais prestigiadas, as remunerações médias superam os US$ 140 mil anuais após três anos de finalização do MBA, segundo aponta o ranking do jornal “Financial Times”.

É com a expectativa de receber um salário mais alto nos próximos anos que Bruno Marcolini antevê o pagamento do seu MBA em Harvard – apesar das bolsas e do dinheiro poupado, ao final do curso ele ainda terá uma dívida de mais de U$ 100 mil dólares. O prazo de pagamento, no entanto, é longo e pode chegar aos 25 anos. “O importante é não se desesperar e saber que existem alternativas. O MBA é um investimento que acelera a carreira, então sei que terei boas oportunidades no futuro”, diz.

Fonte: http://www.valor.com.br/carreira/5506175/planejamento-financeiro-para-mba-deve-comecar-cedo